Os Novos Vizinhos part. I - Conto de Horror

O corretor de imóveis sorria de orelha a orelha.
Maria Elisa e eu procurávamos uma adorável casinha e rapidamente decidimos fechar aquele negócio. Uma pechincha. Era praticamente um condomínio fechado. A casa, toda pintada de azul, com janelas em madeira pintadas de branco, um lindo jardim repleto de petúnias e hortênsias, grades em tom carmim, garagem para 3 carros, 2 confortáveis suítes e ampla sala e cozinha, além de um lindo e bem cuidado gramado aos fundos, completavam o espaço da bela morada.

- O melhor é a vizinhança, dizia o corretor, sossego absoluto.
Na imobiliária éramos tratados com gentileza absoluta. Mudamos rapidamente. Não era necessário fazer nenhum conserto ou reparo, a não ser para adaptar um ou outro móvel ou armário.

Ficamos felizes.

- Escuta, disse Maria Elisa ao corretor, assim que olhamos a casa, e os vizinhos, como são?

- Um sossego. A senhora nem imagina. Por aqui só moram velhinhos ou pessoas que passam o dia trabalhando fora. Mas a vizinhança é extremamente segura. Para o bairro só tem uma rua de acesso, como a senhora viu, com uma guarita e segurança. Todos os moradores pagam uma ridícula taxa mensal e o bairro é todo patrulhado. Verdadeiro luxo.

O corretor tinha razão. O bairro parecia uma Suíça tropical. Ruas limpas, praças bem cuidadas, casas em tons coloridos, alegres e vibrantes. Tudo impecável.

- Mas e as pessoas, as crianças? - pergunta Maria Elisa.

- Crianças na escola e pais no trabalho. Bairro de classe média, média alta, vocês acharam um tesouro, um tesouro, e o corretor sorria.

Estávamos contentes. Casa boa, bonita e barata. Pequena, mas com excelente gosto e uma vizinhança distinta. Tudo perfeito.



Mudança



Mudamos rapidamente. Tudo instalado e montado em um dia. Chegou a noite. Tomamos um banho e nos estatelamos no sofá da sala, moídos pelo cansaço. Lembramos que éramos um casal, recém-casados, e que era quase uma lua-de-mel. Começamos as carícias e beijos. No auge do clima a campainha toca.

- Deve ser engano, disse para ela e tentei voltar ao clima. A campainha toca de novo.

- Vamos atender, disse Maria Elisa saltando do sofá em um pulo e abrindo uma fresta na cortina da sala para ver quem era.

- Um casal de velhinhos, ela falou.

Ajeitamos nossas roupas para dar um aspecto decente. Fui até o portão. Um sorridente casal de idosos apresentou-se como nossos vizinhos.

- Entrem, por favor, entrem – convidei.

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