Alice in Wonderland part. I


Diferentemente do que ocorre no primeiro livro ou mesmo nas dezenas de adaptações da obra para o cinema e a TV, o "Alice" de Burton começa com um rápido flashback da personagem ainda criança pedindo socorro ao pai após ter enfrentado mais um de seus pesadelos. Minutos depois, estamos em uma ensolarada festa aristocrática, e Alice, agora adolescente, está prestes a ser pedida em casamento. A passagem não está no texto de Carroll, mas não é preciso muito para imaginar que a menina preferiria mil vezes seguir um misterioso coelho branco de colete através de um buraco que não sabe onde vai dar a se casar com um babaca de sangue azul chamado Hamish. E é exatamente isso o que acontece.

Lá embaixo, no Mundo Subterrâneo desenhado por Burton, Alice é recebida por uma galeria de personagens familiares que dizem lembrar-se dela de outra visita - na verdade, nomes como o Chapeleiro Louco, o Gato Risonho e a Lebre de Março foram vistos pela menina no primeiro romance; já figuras como Jaguadarte, a Rainha Vermelha e os gêmeos Tweedledum e Tweedledee só seriam conhecidos por Alice em "Através do Espelho".
Pois o que Burton faz, em uma espécie de terceira via da história, é juntá-los todos em uma trama só na qual Alice é uma espécie de salvadora reencarnada. Todos parecem conhecer Alice - ou ao menos a sua lenda -, mas a garota não se lembra de nada.

Como já era de se esperar, na transposição de uma obra riquíssima como a de Carroll de uma mídia para outra, o diretor teve de optar por alguns episódios em detrimento de outros. Assim, vemos o encontro com a lagarta que fuma um narguilé e a partida de críquete no jardim em que flamingos são usados como tacos e ouriços fazem as vezes de bola, mas ficam de fora passagens memoráveis como o diálogo de Alice com o homem-ovo Humpty-Dumpty ou a luta do Leão e do Unicórnio. Outras são completamente inventadas.

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